O Blog Futebol Distrito de Viseu apresenta hoje a entrevista com Carlos Agostinho, treinador do Penalva do Castelo.

Nome: Carlos Agostinho Bernardo Sousa
Informação: Licenciado em Educação Física – opção em futebol
Mestre em treino desportivo – Futebol
Curso de treinador: IV nível – UEFA-PRO
Data de Nascimento: 14/01/1964
Nacionalidade: Portuguesa
Clubes Favoritos: S.C. Penalva do Castelo, Repesenses e Sporting
Jogadores preferidos: Pepe. Paulo Assunção, Cristiano Ronaldo, João Moutinho, Liedson, Lucho Gonzalez e Lisandro Lópes
Sistemas de jogo preferidos: 4:3(1+2):3, 4:4(em quadrado):2 e 4:4(losango):2
Carreira como jogador:
Repesenses (Júniores) - 1 época
S.C.Penalva do Castelo (juniores e seniores – distrital e nacional) – 6 épocas
Títulos: Campeão distrital de juniores (Repesenses)
Campeão distrital de Séniores (S.C. Penalva do Castelo)
Carreira como Treinador:
Inicio: Época 1990/1991
18 Épocas consecutivas ( 13 – Camp. Nac. da 3ª divisão série C e 1 – Camp. Dist. da A.F.V.) acumulando funções de treinador principal de juvenis/juniores (2 épocas de juvenis – distrital e 3 de juniores – 1 no distrital e 2 no nacional) e coordenador do futebol juvenil com as de treinador adjunto e as últimas 5 épocas como treinador principal ( total de 600 jogos em campeonatos nacionais).

Nome: Carlos Agostinho Bernardo Sousa
Informação: Licenciado em Educação Física – opção em futebol
Mestre em treino desportivo – Futebol
Curso de treinador: IV nível – UEFA-PRO
Data de Nascimento: 14/01/1964
Nacionalidade: Portuguesa
Clubes Favoritos: S.C. Penalva do Castelo, Repesenses e Sporting
Jogadores preferidos: Pepe. Paulo Assunção, Cristiano Ronaldo, João Moutinho, Liedson, Lucho Gonzalez e Lisandro Lópes
Sistemas de jogo preferidos: 4:3(1+2):3, 4:4(em quadrado):2 e 4:4(losango):2
Carreira como jogador:
Repesenses (Júniores) - 1 época
S.C.Penalva do Castelo (juniores e seniores – distrital e nacional) – 6 épocas
Títulos: Campeão distrital de juniores (Repesenses)
Campeão distrital de Séniores (S.C. Penalva do Castelo)
Carreira como Treinador:
Inicio: Época 1990/1991
18 Épocas consecutivas ( 13 – Camp. Nac. da 3ª divisão série C e 1 – Camp. Dist. da A.F.V.) acumulando funções de treinador principal de juvenis/juniores (2 épocas de juvenis – distrital e 3 de juniores – 1 no distrital e 2 no nacional) e coordenador do futebol juvenil com as de treinador adjunto e as últimas 5 épocas como treinador principal ( total de 600 jogos em campeonatos nacionais).
Treinador Principal de Seniores:
Época 2003/2004 – S. C. Penalva do Castelo – Campeonato nacional da 3ª divisão série C – 1º classificado. 34 jogos: 22 V – 8 E – 4 D Golos: 51/23 74 pontos 3ª Elim. Taça de Port.
Época 2004/2005 – S. C. Penalva do Castelo - Campeonato nacional da 2ª divisão – zona centro – 11º classificado. 36 jogos: 13 V – 9 E – 14 D Golos: 41/42 48 pontos 3ª Elim. Taça de Port.
Época 2005/2006 – S. L. Nelas - Campeonato nacional da 2ª divisão – série C – saí em Novembro; 9 jogos: 1 V – 3 E – 5 D Golos: 4/11 6 pontos -1 lugar acima da zona de descida, 5ª Elim. Taça de Portugal – Vencedor do Torneio Nelas Coração do Dão (S.L.Nelas, Naval, Paços de Ferreira e Sp. Covilhã)
A partir de Janeiro - A.D. Sátão - Campeonato nacional da 3ª divisão – série C – 8º classificado
17 jogos: 5 V – 10 E – 2 D Golos: 17/14 25 pontos
Época 2006/2007 – S. C. Penalva do Castelo – Campeonato nacional da 2ª divisão nacional – série C – 6º classificado. 26 jogos: 8 V – 10 E – 8 D Golos: 23/18 34 pontos
5ª Elim. Taça de Portugal – eliminados no estádio do Bessa pelo Boavista
Época 2007/2008 – S. C. Penalva do Castelo – Campeonato nacional da 2ª divisão – série C – 6º classificado – apurado para a fase da subida.
1ª fase - 26 jogos: 11 V – 8 E – 7 D Golos: 36/31 41 ponto 3ª Elim. Taça de Port.
2ª fase - 10 jogos: 0 v – 3 E – 7 D Golos: 8/19 3 pontos
Época 2008/2009 – S.C. Penalva do Castelo – Campeonato nacional da 2ª divisão
Títulos com treinador:
Campeão distrital de juniores (1998/99) – S. C. Penalva do Castelo; na fase final em 10 jogos: 9 vitórias e 1 derrota.
Campeão distrital de seniores - treinador adjunto – (1999/2000) – S. C. Penalva do Castelo;
Campeão nacional da 3ª divisão série C (2003/2004) – S. C. Penalva do Castelo.
Prémio Atribuído como Treinador:
Instituto do Desporto de Portugal: Reconhecer o Mérito (Reconhecer o mérito como Treinador de Futebol da acção exercida junto dos jovens praticantes durante o ano de 2003).
Penalva do Castelo
Futebol Distrito de Viseu: Como analisa a época do Penalva? A sua equipa foi a única do distrito nos nacionais a alcançar os objectivos a que se tinha proposto. Isso deixa-o realizado ou esperava mais?
Carlos Agostinho: Fizemos um bom campeonato. Uma 1º volta razoável, com os mesmos pontos da época anterior (16) e uma excelente 2ª volta (25 pontos) só com 2 derrotas e a 2ª equipa a fazer mais pontos na 2ªvolta. Conseguimos logo na 1ª fase o grande objectivo que era a manutenção e o 6º lugar da época passada. Não nos sentimos totalmente realizados porque tínhamos como ambição melhorar o 6º lugar da época anterior mas não conseguimos.
FDV: Como se explica o sucesso do Penalva, clube que sem grandes recursos vai vivendo afastado das complicações?
CA: O sucesso é resultado de 3 factores muito importantes: Estabilidade directiva, estabilidade técnica e uma escolha criteriosa dos jogadores em função de um orçamento muito realista e muito abaixo dos orçamentos da grande maioria das equipas da 2ª divisão e até de algumas de 3ª divisão. Temos conseguido formar grupos muito fortes, em que os jogadores têm sido os grandes responsáveis pelo sucesso, porque nos momentos decisivos não têm falhado.
FDV: A fase final(promoção) não correu muito bem. A que se deveu?
CA: Penso que houve 2 factores decisivos: a derrota em casa, na 1ª jornada da 2ªfase com o Eléctrico de Ponte de Sôr por 3-4, quando estávamos a ganhar 3-2 a 5 minutos do final do jogo, realizando o melhor jogo da época, psicologicamente afectou muito a equipa; o outro factor foi o nº reduzido de jogadores que tivemos disponíveis na 2ª fase devido a lesões graves (traumáticas) e castigos o que condicionou as opções. A juntar a estes factores, a qualidade das outras equipas que tiveram sempre os seus planteis na máxima força.
FDV: Optaram por dar oportunidades a alguns jovens. Já estava planeado ou foi consequência dos resultados menos positivos no início da fase final?
CA: A partir do momento que houve os castigos e lesões, todos os jogadores do plantel tiveram oportunidade de jogarem e mostrar o seu valor. Houve um ou outro jogador em que o objectivo foi dar-lhes oportunidades de jogarem na 2ª B, sendo o caso do g.r., Cristiano que com 17 anos (1º ano de junior) fez 2 jogos como titular, tendo sido o jogador mais jovem a jogar em todas as séries da 2ªB.
FDV: Na fase final da época referiu muitas vezes que existiam pessoas que queriam tirar mérito à época do Penalva. A quem se referia e o que o levou a pensar assim?
CA: O Penalva e o Ol. do Bairro foram as únicas equipas amadoras a disputarem o fase da subida, em todas as séries da 2ª B. Fomos a equipa a par do Ol. Bairro que estávamos a lutar pela subida, com os orçamentos mais baixos, fomos a única equipa dos nacionais e se calhar de todos os campeonatos que nas últimas 3 épocas não alteramos o plantel com aquisições em Dezembro, abrimos uma excepção esta época porque se lesionou o Penetra, gravemente na 3ª jornada e não jogou mais e fomos buscar o Marco com 39 anos que já tinha abandonado o futebol. Pouca gente referiu isso. Fizemos uma 2º volta perdendo só 2 jogos, um em casa com o Pampilhosa (0-5) e bem e outro na Covilhã (1-2) aos 94 minutos mas mal perdido. A preocupação de alguma comunicação social foi avivar constantemente a memória para o resultado negativo com o Pampilhosa, ocultando todo o bom desempenho que vínhamos fazendo. Nunca nos deixamos afectar e a qualidade das equipas vê-se nestes momentos e depois dessa derrota, onde muita gente pensava que era fim, nunca mais falhamos. Sentimo-nos descriminados porque o realce do desempenho do fim-de-semana desportivo era sempre para outros clubes que afinal nem conseguiram os objectivos. A imprensa nacional deu muito mais destaque ao bom desempenho do Penalva do que a imprensa regional. Muita gente se tem esquecido que além do bom desempenho desportivo e financeiro, o clube nestas duas últimas épocas colocou 3 jogadores na liga principal do nosso futebol e um na 2ª liga.
FDV: O Penalva do Castelo vai perder dois jogadores para equipas da liga principal do nosso futebol. Como se sente o Carlos Agostinho, orgulhoso por ter lançado estes jovens ou triste por os ver partir?
CA: Muito orgulhoso. A juntar a estes dois jogadores (J. Aurélio-Nacional, Cristiano-Sp. Braga) tivemos o Gilberto Silva (Boavista) na época passada e o Ruben (Sp. Covilhã) esta época, havendo outras possibilidades que não se concretizaram esta época mas estão referenciados já para a próxima época. É com pena que os vejo partir, mas com uma enorme satisfação de ter dado um pequeno contributo para a sua evolução.
FDV: Como reagiu o grupo de trabalho e a direcção à primeira convocatória de João Aurélio para a selecção Nacional?
CA: Muito orgulho e satisfação de todo o grupo e da direcção. Só foi possível o João atingir esse patamar com a ajuda de toda a equipa. Foi o 1º jogador a tornar-se internacional a representar o clube.
FDV: O Penalva é um clube que aposta em jovens do nosso Distrito. Essa aposta é para continuar?
CA: Terá que ser cada vez mais, mas tem sido cada vez mais difícil. Financeiramente não podemos competir com outros clubes da região. Temos que ter sempre em conta a qualidade do jogador para a 2ª B e este aceitar as condições do clube, fazendo também, o jogador, uma aposta no seu valor e num primeiro momento o aspecto financeiro não ser o mais importante. Cada vez tem sido mais difícil, porque quando se fala que um jovem é pretendido pelo Penalva outros clubes o procuram e tentam convencê-lo pelo aspecto monetário. Ainda esta época aconteceu com 2 atletas.
FDV: Sente que existem nas nossas divisões da A.F.Viseu jogadores capazes de dar o salto para o Penalva ou até para patamares superiores?
CA: Existem alguns, estão referenciados, têm potencial e o Penalva poderá dar-lhes uma oportunidade se eles tiverem interesse em se valorizar neste clube.
FDV: Qual o momento mais marcante(positvo/negativo) desta época?
CA: Positivo: A vitória em Nelas que praticamente nos garantiu o 6º lugar e a manutenção logo na 1ºªfase.
Negativo: A derrota em casa na 1ªvolta da 2ª fase com o Eléctrico que nos condicionou a nível de objectivos para a 2ª fase.
II Nacional Série C
FDV: O Carlos Agostinho queixou-se muitas vezes da arbitragem. Sente que havia uma estratégia para prejudicar o Penalva e as equipas do nosso distrito?
CA: Este foi o campeonato muito difícil e muito injusto. A partir de determinado momento parecia que valia tudo para as equipas atingirem os 6 primeiros lugares. Nos últimos 2 jogos em casa da 1ª fase a partir dos 30 minutos da 1ª parte já estávamos a jogar com 10, não achei isso normal.
FDV: Como analisa a época na II Divisão Série C? Foi o Covilhã um justo vencedor?
CA: Sem duvida a melhor equipa. Provou-o nos jogos com o Ol. e Moscavide.
FDV: O modelo competitivo da II e III Divisão tem sido muito criticado. O que pensa deste assunto?
CA: Se continuar desta forma, muitos clubes vão fechar portas. O ideal é 3 séries de 16 clubes e tem que ser o mais rápido possível.
FDV: O que acha mais horripilante. O Sistema de descidas ou o facto de apenas subirem dois dos quatro vencedores das séries?
CA: Ambas as situações estão erradas. Vejam o exemplo do Ol. e Moscavide que não subiu depois do grande campeonato que realizou e que pode acabar, e o Ol. do Hospital que na 3ª divisão lutou até ao último jogo da 1ª fase para ficar em 6º e depois desceu de divisão. Foi uma autêntica aberração.
FDV: Como analisa a falta de decisões sobre as descidas nos nacionais? Será que a FPF revela alguma preocupação com estas competições?
CA: As grandes preocupações são a selecção e o apito final todo o resto para eles parece que não existe. Mas os grandes culpados são as associações distritais que pouco ou nada têm feito para alterar este modelo de competições que leva a este conjunto de equívocos.
FDV: Qual a equipa que mais o surpreendeu postiva e negativamente?
CA: Pela positiva: Ol. Bairro e pela negativa o Nelas.
FDV: Como analisa o desempenho das restantes equipas do nosso distrito?
CA: Todas elas poderiam fazer melhor, mas no futebol há factores que não se controlam e que talvez contribuíssem para um menor desempenho das equipas.
FDV: De todos os jogadores que viu jogar, pensa que algum poderá dar um salto para uma das divisões profissionais do nosso futebol? Quem?
CA: Alguns para a 2ª B, e para a 2ª liga, muito poucos para a liga principal.
Futuro
FDV: O futuro mais próximo passa por Penalva, contudo quais as ambições a médio/longo prazo do Carlos Agostinho? Sente-se pronto para dar o salto para os campeonatos profissionais?
CA: No futuro próximo conseguir igual ou melhorar a classificação no Penalva mas com menos dinheiro. A longo prazo sinto-me habilitado e preparado para chegar a campeonatos profissionais, já tive essa possibilidade, mas não nas funções que eu ambiciono. Nós treinadores vamos sentindo que não basta ser habilitado, fazer bons trabalhos é preciso mais qualquer coisa que eu não tenho nem sei se algum dia vou ter para conseguir chegar ao lugar que ambiciono que é ser treinador principal.
FDV: Quais são os objectivos do Penalva para a próxima época?
CA: Fazer igual ou melhor que na época passada, mas com menos dinheiro. Garantir a manutenção, melhorar a classificação e colocar mais jogadores nas ligas profissionais.
Carreira
FDV: Com uma carreira recheada de bons resultados, o Carlos Agostinho não conseguiu singrar no Nelas. O que falhou?
CA: Não me correu bem a passagem pelo Nelas. Tive algumas responsabilidades, mas houve um conjunto de factores que contribuíram para o insucesso: Má construção do plantel, empréstimos de jogadores sem qualidade para a 2ª B, fui alertando os directores para haver muito cuidado na escolha de jogadores. A grande diferença é que no Penalva sou eu que escolho os jogadores, no Nelas uns fui eu, outros nada tive a ver com a sua escolha. Alertei logo no inicio dos treinos para a falta de qualidade de alguns jogadores já contratados pela direcção, mas como ganhamos o torneio de Nelas com equipas como o Paços de Ferreira e Naval da 1ª liga e Covilhã da 2ªliga, as pessoas acreditaram que tínhamos uma grande equipa. Infelizmente com o início do campeonato o que eu fui alertando confirmou-se. Com o decorrer do campeonato indiquei como reforços o Abadito, Cardoso, Rui André e Edu Souza, jogadores de grande qualidade mas que nunca jogaram comigo. A equipa ficou muito mais equilibrada, mas o desgaste psicológico foi grande e entendi que depois do jogo da Pampilhosa havia uma paragem e era o momento ideal para a mudança porque o que eu queria era o melhor para o S.L. Nelas. Saí a bem com toda a gente e fiquei feliz pelo bom campeonato que fizeram e pela manutenção, para a época seguinte, de todos os jogadores que foram indicados por mim o que veio provar que os jogadores que eu indiquei eram de grande qualidade.
FDV: Qual o treinador com que mais se identifica?
CA: Gosto de retirar alguns ensinamentos a nível táctico, psicológico e estratégico de vários treinadores de top, acompanhando de perto os seus trabalhos, mas gosto de me identificar comigo próprio, criando o meu modelo de jogo , aperfeiçoando os meus sistemas de jogo e criando os meus próprios exercícios.
FDV: Acompanha com regularidade jogos das camadas jovens? Como faz esse recrutamento?
CA: Acompanho os jogos que me é possível observar de uma forma directa e na próxima época mais ainda porque vou ser o coordenador de todo o futebol do Penalva. O recrutamento é feito através de observação directa e através de informações de pessoas da minha confiança
FDV: Se tivesse que se caracterizar quais apontaria como pontos fortes e pontos menos fortes?
CA: Pontos fortes: modelo de jogo bem definido, funções dos jogadores bem definidas, muito rigor táctico e escolha criteriosa de jogadores para o plantel.
Pontos menos fortes: Tenho alguns, tentando melhorá-los aprendendo com os erros que vou cometendo. Tentar ser mais calmo no banco.
Campeão distrital de juniores (1998/99) – S. C. Penalva do Castelo; na fase final em 10 jogos: 9 vitórias e 1 derrota.
Campeão distrital de seniores - treinador adjunto – (1999/2000) – S. C. Penalva do Castelo;
Campeão nacional da 3ª divisão série C (2003/2004) – S. C. Penalva do Castelo.
Prémio Atribuído como Treinador:
Instituto do Desporto de Portugal: Reconhecer o Mérito (Reconhecer o mérito como Treinador de Futebol da acção exercida junto dos jovens praticantes durante o ano de 2003).
Penalva do Castelo
Futebol Distrito de Viseu: Como analisa a época do Penalva? A sua equipa foi a única do distrito nos nacionais a alcançar os objectivos a que se tinha proposto. Isso deixa-o realizado ou esperava mais?
Carlos Agostinho: Fizemos um bom campeonato. Uma 1º volta razoável, com os mesmos pontos da época anterior (16) e uma excelente 2ª volta (25 pontos) só com 2 derrotas e a 2ª equipa a fazer mais pontos na 2ªvolta. Conseguimos logo na 1ª fase o grande objectivo que era a manutenção e o 6º lugar da época passada. Não nos sentimos totalmente realizados porque tínhamos como ambição melhorar o 6º lugar da época anterior mas não conseguimos.
FDV: Como se explica o sucesso do Penalva, clube que sem grandes recursos vai vivendo afastado das complicações?
CA: O sucesso é resultado de 3 factores muito importantes: Estabilidade directiva, estabilidade técnica e uma escolha criteriosa dos jogadores em função de um orçamento muito realista e muito abaixo dos orçamentos da grande maioria das equipas da 2ª divisão e até de algumas de 3ª divisão. Temos conseguido formar grupos muito fortes, em que os jogadores têm sido os grandes responsáveis pelo sucesso, porque nos momentos decisivos não têm falhado.
FDV: A fase final(promoção) não correu muito bem. A que se deveu?
CA: Penso que houve 2 factores decisivos: a derrota em casa, na 1ª jornada da 2ªfase com o Eléctrico de Ponte de Sôr por 3-4, quando estávamos a ganhar 3-2 a 5 minutos do final do jogo, realizando o melhor jogo da época, psicologicamente afectou muito a equipa; o outro factor foi o nº reduzido de jogadores que tivemos disponíveis na 2ª fase devido a lesões graves (traumáticas) e castigos o que condicionou as opções. A juntar a estes factores, a qualidade das outras equipas que tiveram sempre os seus planteis na máxima força.
FDV: Optaram por dar oportunidades a alguns jovens. Já estava planeado ou foi consequência dos resultados menos positivos no início da fase final?
CA: A partir do momento que houve os castigos e lesões, todos os jogadores do plantel tiveram oportunidade de jogarem e mostrar o seu valor. Houve um ou outro jogador em que o objectivo foi dar-lhes oportunidades de jogarem na 2ª B, sendo o caso do g.r., Cristiano que com 17 anos (1º ano de junior) fez 2 jogos como titular, tendo sido o jogador mais jovem a jogar em todas as séries da 2ªB.
FDV: Na fase final da época referiu muitas vezes que existiam pessoas que queriam tirar mérito à época do Penalva. A quem se referia e o que o levou a pensar assim?
CA: O Penalva e o Ol. do Bairro foram as únicas equipas amadoras a disputarem o fase da subida, em todas as séries da 2ª B. Fomos a equipa a par do Ol. Bairro que estávamos a lutar pela subida, com os orçamentos mais baixos, fomos a única equipa dos nacionais e se calhar de todos os campeonatos que nas últimas 3 épocas não alteramos o plantel com aquisições em Dezembro, abrimos uma excepção esta época porque se lesionou o Penetra, gravemente na 3ª jornada e não jogou mais e fomos buscar o Marco com 39 anos que já tinha abandonado o futebol. Pouca gente referiu isso. Fizemos uma 2º volta perdendo só 2 jogos, um em casa com o Pampilhosa (0-5) e bem e outro na Covilhã (1-2) aos 94 minutos mas mal perdido. A preocupação de alguma comunicação social foi avivar constantemente a memória para o resultado negativo com o Pampilhosa, ocultando todo o bom desempenho que vínhamos fazendo. Nunca nos deixamos afectar e a qualidade das equipas vê-se nestes momentos e depois dessa derrota, onde muita gente pensava que era fim, nunca mais falhamos. Sentimo-nos descriminados porque o realce do desempenho do fim-de-semana desportivo era sempre para outros clubes que afinal nem conseguiram os objectivos. A imprensa nacional deu muito mais destaque ao bom desempenho do Penalva do que a imprensa regional. Muita gente se tem esquecido que além do bom desempenho desportivo e financeiro, o clube nestas duas últimas épocas colocou 3 jogadores na liga principal do nosso futebol e um na 2ª liga.
FDV: O Penalva do Castelo vai perder dois jogadores para equipas da liga principal do nosso futebol. Como se sente o Carlos Agostinho, orgulhoso por ter lançado estes jovens ou triste por os ver partir?
CA: Muito orgulhoso. A juntar a estes dois jogadores (J. Aurélio-Nacional, Cristiano-Sp. Braga) tivemos o Gilberto Silva (Boavista) na época passada e o Ruben (Sp. Covilhã) esta época, havendo outras possibilidades que não se concretizaram esta época mas estão referenciados já para a próxima época. É com pena que os vejo partir, mas com uma enorme satisfação de ter dado um pequeno contributo para a sua evolução.
FDV: Como reagiu o grupo de trabalho e a direcção à primeira convocatória de João Aurélio para a selecção Nacional?
CA: Muito orgulho e satisfação de todo o grupo e da direcção. Só foi possível o João atingir esse patamar com a ajuda de toda a equipa. Foi o 1º jogador a tornar-se internacional a representar o clube.
FDV: O Penalva é um clube que aposta em jovens do nosso Distrito. Essa aposta é para continuar?
CA: Terá que ser cada vez mais, mas tem sido cada vez mais difícil. Financeiramente não podemos competir com outros clubes da região. Temos que ter sempre em conta a qualidade do jogador para a 2ª B e este aceitar as condições do clube, fazendo também, o jogador, uma aposta no seu valor e num primeiro momento o aspecto financeiro não ser o mais importante. Cada vez tem sido mais difícil, porque quando se fala que um jovem é pretendido pelo Penalva outros clubes o procuram e tentam convencê-lo pelo aspecto monetário. Ainda esta época aconteceu com 2 atletas.
FDV: Sente que existem nas nossas divisões da A.F.Viseu jogadores capazes de dar o salto para o Penalva ou até para patamares superiores?
CA: Existem alguns, estão referenciados, têm potencial e o Penalva poderá dar-lhes uma oportunidade se eles tiverem interesse em se valorizar neste clube.
FDV: Qual o momento mais marcante(positvo/negativo) desta época?
CA: Positivo: A vitória em Nelas que praticamente nos garantiu o 6º lugar e a manutenção logo na 1ºªfase.
Negativo: A derrota em casa na 1ªvolta da 2ª fase com o Eléctrico que nos condicionou a nível de objectivos para a 2ª fase.
II Nacional Série C
FDV: O Carlos Agostinho queixou-se muitas vezes da arbitragem. Sente que havia uma estratégia para prejudicar o Penalva e as equipas do nosso distrito?
CA: Este foi o campeonato muito difícil e muito injusto. A partir de determinado momento parecia que valia tudo para as equipas atingirem os 6 primeiros lugares. Nos últimos 2 jogos em casa da 1ª fase a partir dos 30 minutos da 1ª parte já estávamos a jogar com 10, não achei isso normal.
FDV: Como analisa a época na II Divisão Série C? Foi o Covilhã um justo vencedor?
CA: Sem duvida a melhor equipa. Provou-o nos jogos com o Ol. e Moscavide.
FDV: O modelo competitivo da II e III Divisão tem sido muito criticado. O que pensa deste assunto?
CA: Se continuar desta forma, muitos clubes vão fechar portas. O ideal é 3 séries de 16 clubes e tem que ser o mais rápido possível.
FDV: O que acha mais horripilante. O Sistema de descidas ou o facto de apenas subirem dois dos quatro vencedores das séries?
CA: Ambas as situações estão erradas. Vejam o exemplo do Ol. e Moscavide que não subiu depois do grande campeonato que realizou e que pode acabar, e o Ol. do Hospital que na 3ª divisão lutou até ao último jogo da 1ª fase para ficar em 6º e depois desceu de divisão. Foi uma autêntica aberração.
FDV: Como analisa a falta de decisões sobre as descidas nos nacionais? Será que a FPF revela alguma preocupação com estas competições?
CA: As grandes preocupações são a selecção e o apito final todo o resto para eles parece que não existe. Mas os grandes culpados são as associações distritais que pouco ou nada têm feito para alterar este modelo de competições que leva a este conjunto de equívocos.
FDV: Qual a equipa que mais o surpreendeu postiva e negativamente?
CA: Pela positiva: Ol. Bairro e pela negativa o Nelas.
FDV: Como analisa o desempenho das restantes equipas do nosso distrito?
CA: Todas elas poderiam fazer melhor, mas no futebol há factores que não se controlam e que talvez contribuíssem para um menor desempenho das equipas.
FDV: De todos os jogadores que viu jogar, pensa que algum poderá dar um salto para uma das divisões profissionais do nosso futebol? Quem?
CA: Alguns para a 2ª B, e para a 2ª liga, muito poucos para a liga principal.
Futuro
FDV: O futuro mais próximo passa por Penalva, contudo quais as ambições a médio/longo prazo do Carlos Agostinho? Sente-se pronto para dar o salto para os campeonatos profissionais?
CA: No futuro próximo conseguir igual ou melhorar a classificação no Penalva mas com menos dinheiro. A longo prazo sinto-me habilitado e preparado para chegar a campeonatos profissionais, já tive essa possibilidade, mas não nas funções que eu ambiciono. Nós treinadores vamos sentindo que não basta ser habilitado, fazer bons trabalhos é preciso mais qualquer coisa que eu não tenho nem sei se algum dia vou ter para conseguir chegar ao lugar que ambiciono que é ser treinador principal.
FDV: Quais são os objectivos do Penalva para a próxima época?
CA: Fazer igual ou melhor que na época passada, mas com menos dinheiro. Garantir a manutenção, melhorar a classificação e colocar mais jogadores nas ligas profissionais.
Carreira
FDV: Com uma carreira recheada de bons resultados, o Carlos Agostinho não conseguiu singrar no Nelas. O que falhou?
CA: Não me correu bem a passagem pelo Nelas. Tive algumas responsabilidades, mas houve um conjunto de factores que contribuíram para o insucesso: Má construção do plantel, empréstimos de jogadores sem qualidade para a 2ª B, fui alertando os directores para haver muito cuidado na escolha de jogadores. A grande diferença é que no Penalva sou eu que escolho os jogadores, no Nelas uns fui eu, outros nada tive a ver com a sua escolha. Alertei logo no inicio dos treinos para a falta de qualidade de alguns jogadores já contratados pela direcção, mas como ganhamos o torneio de Nelas com equipas como o Paços de Ferreira e Naval da 1ª liga e Covilhã da 2ªliga, as pessoas acreditaram que tínhamos uma grande equipa. Infelizmente com o início do campeonato o que eu fui alertando confirmou-se. Com o decorrer do campeonato indiquei como reforços o Abadito, Cardoso, Rui André e Edu Souza, jogadores de grande qualidade mas que nunca jogaram comigo. A equipa ficou muito mais equilibrada, mas o desgaste psicológico foi grande e entendi que depois do jogo da Pampilhosa havia uma paragem e era o momento ideal para a mudança porque o que eu queria era o melhor para o S.L. Nelas. Saí a bem com toda a gente e fiquei feliz pelo bom campeonato que fizeram e pela manutenção, para a época seguinte, de todos os jogadores que foram indicados por mim o que veio provar que os jogadores que eu indiquei eram de grande qualidade.
FDV: Qual o treinador com que mais se identifica?
CA: Gosto de retirar alguns ensinamentos a nível táctico, psicológico e estratégico de vários treinadores de top, acompanhando de perto os seus trabalhos, mas gosto de me identificar comigo próprio, criando o meu modelo de jogo , aperfeiçoando os meus sistemas de jogo e criando os meus próprios exercícios.
FDV: Acompanha com regularidade jogos das camadas jovens? Como faz esse recrutamento?
CA: Acompanho os jogos que me é possível observar de uma forma directa e na próxima época mais ainda porque vou ser o coordenador de todo o futebol do Penalva. O recrutamento é feito através de observação directa e através de informações de pessoas da minha confiança
FDV: Se tivesse que se caracterizar quais apontaria como pontos fortes e pontos menos fortes?
CA: Pontos fortes: modelo de jogo bem definido, funções dos jogadores bem definidas, muito rigor táctico e escolha criteriosa de jogadores para o plantel.
Pontos menos fortes: Tenho alguns, tentando melhorá-los aprendendo com os erros que vou cometendo. Tentar ser mais calmo no banco.
FDV: Qual o momento mais marcante da sua carreira como treinador?
CA: Como treinador principal: ganhar o campeonato distrital de juniores, na fase final, em 10 jogos ganhamos 9; ganhar o campeonato nacional da 3ª divisão, sére C, estando os últimos 19 jogos sem perder; chegar à 5ª eliminatória da taça de portugal e jogar no estádio do Bessa contra o Boavista; ficar 2 anos consecutivos em 6º lugar na 2ª B e nesta última época disputar o grupo da subida de divisão.
Para finalizar pedíamos a Carlos Agostinho para elaborar o onze dos jogadores por si treinados.
CA: Todos os jogadores que eu treinei foram muito importantes em função dos objectivos traçados por época, todos eles com qualidade muito idêntica o que daria para formar mais do que um 11.
O Futebol Distrito de Viseu agradece a disponibilidade de Carlos Agostinho, e aproveita para desejar felicidades.
0 comentários:
Enviar um comentário