terça-feira, julho 15, 2008

Entrevista a Joca, futuro treinador do F. Aves

O Blog Futebol Distrito de Viseu apresenta hoje a entrevista com Joca, treinador que esta época esteve no Sernancelhe.

Nome completo: José Carlos Lamas Fausto
Naturalidade: Trevões – São João da Pesqueira
Clube favorito: Desportivo de Chaves e Benfica
Jogador (es) preferidos: Rinat Dassaev, Preud´Homme, Pierre VanHoijdonk, Bruno Ferreira, Vítor Alexandre e Simão Duarte.
Táctica que mais gosta: Depende das dimensões e do estado do terreno de jogo, do adversário e essencialmente das características dos meus jogadores; uma equipa terá que ter vários sistemas de jogo, embora num plano meramente teórico aprecie o 4*3*3

JOGADOR:
00/01 – Penedono (futebol) e AEESTV (futsal)
01/02 – Penedono (futebol) e AEESTV (futsal)
02/03 – Viseufutsal 2001 e AEESTV

TREINADOR:
01/02 – AEESTV futebol feminino
02/03 – AEESTV futebol feminino – campeão futebol de praia universitário feminino
04/05 – AEESTV (campeão nacional universitário)
05/06 – AEESTV (bi campeão nacional universitário)
06/07 – Sernancelhe (1ª distrital da AF Viseu) e AEESTV
07/08 – Sernancelhe (1ª distrital da AF Viseu) e AEESTV (vice - campeão nacional universitário)

Sernancelhe

Futebol Distrito de Viseu: As últimas duas épocas foram bem distintas. Em 2006/07 a luta pela subida. Em 2007/08 a incerteza da continuidade do clube e a luta pela manutenção. Como encarou o Joca toda esta situação?
Joca: em 06/07 sabíamos que o plantel tinha capacidade para lutar pelos lugares cimeiros, fizemos uma boa pré-época e só perdemos a subida nas últimas 4 jornadas; em 07/08 perdemos a base da equipa, não tivemos pré-época e arrancamos tardiamente para a competição, sem sequer um jogo - treino realizado.
Acima de tudo, há que louvar o empenho das pessoas que contribuíram para que o Sernancelhe continuasse a existir.

FDV: A indefinição inicial não impediu a equipa de alcançar a manutenção. Como analisa a época do Sernancelhe? Poderia o clube lutar pela subida se tivesse feito a planificação atempadamente?
Joca: Foi a época possível, em virtude das referidas condicionantes.
Com uma planificação mais rigorosa, acredito que o Sernancelhe iria ficar na primeira metade da tabela classificativa, porque na questão da subida, Tarouca, Resende, Ferreira de Aves e Viseu e Benfica eram concorrentes de peso.

FDV: Perante estas realidades distintas, qual a época que mais o satisfez e aquela que mais o realizou como treinador?
Joca: em ambas senti a motivação necessária para dignificar o clube e respeitar o seu historial; no futebol temos que estar preparados para as mais distintas realidades, e para a luta de diferentes objectivos; acima de tudo, temos que tirar conclusões e ensinamentos em cada uma das diversas situações, num sentido de evolução.

Campeonato

FDV: Como analisa a 1ª Norte da 1ª Distrital? Foi o Tarouquense um justo vencedor?
Joca: Inquestionável.
Tinha um leque de atletas de elevado valor e experiência, que souberam ultrapassar os obstáculos que se lhes foram deparando; souberam vencer e tiveram o mérito de nunca desprezar os adversários; com as condições de trabalho que usufruem, são uma equipa para outros campeonatos.

FDV: Qual a grande surpresa e a grande desilusão deste campeonato?
Joca: Surpreenderam-me positivamente as equipas do Alvite e dos Ceireiros; o Boassas, que já jogava nesta divisão há alguns anos, desiludiu com a descida e principalmente com alguns resultados inimagináveis.

FDV: De todos os jogadores que viu jogar quais aqueles que lhe chamaram mais atenção?
Joca: não vou falar dos sonantes, porque esses são facilmente reconhecidos, até porque muitos deles já passaram por escalões superiores, inclusive nacionais; a nível de revelações, surpreendeu-me imenso um miúdo de 19 anos, que jogava no Alvite, chamado Carlos Gomes.

FDV: Se tivesse que escolher um onze desta época, qual seria?
Joca: por uma questão de isenção, não escolherei qualquer atleta do Sernancelhe nem do Ferreira de Aves.
Chambel (Viseu e Benfica); Patrício (Tarouca), Gustavo (Viseu e Benfica), Nuno Cardoso (Nespereira), Paulo Ferreira (Tarouca); Carlos Gomes (Alvite), Marco (Alvite) ou Pepe (Nespereira), Zézito (Tarouca); Ricardo Leitão (Ceireiros), Simão (Tarouca) e Ferrador (Tarouca) ou Tó-Zé (Ceireiros)

FDV: O que pensa Joca sobre o actual modelo competitivo da 1ª distrital?
Joca: Sou favorável a uma zona única, como acontece na Divisão de Honra e na 2ª Divisão Distrital, embora devido ao elevado número de equipas participantes, talvez fosse necessário um reajustamento; no actual modelo competitivo, as equipas da zona Norte são sujeitas a deslocações enormes e consequentes despesas financeiras, e os seus atletas a um cansaço suplementar em relação ás da zona sul, mais próximas e com condições acesso mais favoráveis; com uma zona única, as condições seriam idênticas para todos, os terrenos de jogo com dimensões reduzidas e publico “difícil” visitadas por todos, proporcionando ainda um conhecimento de clubes/atletas mais profundo e alargado.

FVD: A arbitragem da AF Viseu esteve em bom nível?
Joca: no futebol existem clubes com mais sucesso que outros, treinadores com melhores resultados que outros, atletas com melhores performances que outros, e logicamente, também há árbitros com exibições mais conseguidas que outros;
Se olharmos para trás e compararmos a arbitragem de há uns anos, com a actual, será facil reconhecer que houve uma evolução, num sinal positivo para o futuro.

Futuro

FDV: Terminada mais uma época, o futuro do Joca passa por Sernancelhe?
Joca: Sernancelhe foi um ciclo, que teve aspectos muito positivos para mim; as coisas boas superaram largamente as menos boas, e reflexo disso mesmo, são as inúmeras amizades que foram criadas, e que serão certamente mantidas pelo tempo fora; terminado este ciclo, outro se iniciou, e tem pelo nome de Ferreira de Aves.
A partir de agora, o meu pensamento, entrega, honestidade e dedicação, têm como finalidade a defesa do Ferreira de Aves, pois esta é a minha forma de estar no futebol.


FDV: O Ferreira de Aves luta por outros objectivos. A subida é o objectivo para a próxima época? Foi esse um factor decisivo para aceitar esta nova etapa na sua carreira?
Joca: O Ferreira de Aves é um clube histórico e reconhecido, festeja este ano o seu cinquentenário, e tem um passado ligado maioritariamente á Divisão superior do Distrito de Viseu, argumentos que me cativaram a aceitar o convite.
Os objectivos para esta época são o de entrar em qualquer campo, com pensamento, muita vontade e humildade, criando condições para vencer, dignificando, elevando e respeitando o emblema que representamos, numa ambição constante de tentativa de sucesso.

FDV: De forma a garantir a subida, como está a planificação da época? Quais os reforços, renovações e saídas?
Joca: A época começou a ser planeada há algum tempo, e neste momento temos o plantel praticamente fechado, o que nos permite aguardar serenamente por algum “complemento” favorável e positivo que o mercado venha a proporcionar; quanto aos nomes, considero que deverá ser a Direcção a revelá-los, no timing por eles escolhidos, uma vez que é o órgão máximo dentro de um clube.

Carreira de Treinador

FDV: Qual o momento (positivo/negativo) que mais o marcou na sua carreira como treinador?
Joca: Positivo foi o 1º título de campeão nacional universitário, conquistado na cidade da Guarda; recordo igualmente a vitória em Vila Chã de Sá, ao serviço do Sernancelhe, na época transacta.
Negativo, o dia 24 de Abril de 2007: estava no funeral da minha avó paterna, quando soube pelo telefone, que a Tecnologia, após 3 anos de conquistas, abandonava o CNU de Braga e dizia “adeus” ao tri-campeonato; foram muitas perdas para um dia só …
A derrota em Sezures, que nos obrigava a uma liguilha para garantir a manutenção: quando o jogo terminou, as lágrimas do Rafael Oliveira e do André Serôdio, dois miúdos com uma postura impressionante, reflectiam o nosso estado de espírito.

FDV: Qual o treinador que mais o marcou na sua carreira e qual o treinador do passado e presente com que mais se identifica?
Joca: Quem mais me marcou não foi nenhum treinador, foram dois homens com H grande chamados Vítor Alexandre e Marco Pinto.
Não me identifico com ninguém, tento, isso sim, evoluir numa aprendizagem constante, no intuito de ser mais competente a cada momento que passa…os meus pais, por me transmitirem tais ensinamentos, são os meus verdadeiros “modelos” ou ídolos.
Logicamente que português que se preze, admira José Mourinho, pelo sucesso, valor, conhecimento, e essencialmente, sentido de liderança que possui; é tão imenso que até na arrogância tem nível…

FDV: Quais os objectivos a curto/médio prazo? Treinar uma equipe sénior nos nacionais é um dos objectivos?
Joca: como não ligo muito aos “rótulos”, não me “colo” a eles, portanto não os tenho como objectivo; objectivo é estar num clube onde sejamos apreciados, e onde todos rumem para o mesmo lado, nem que seja nos solteiros/casados.
Ninguém sabe onde estará, mas todos sabemos onde não desejamos estar, eu não estarei certamente a ligar ou a oferecer-me a clube nenhum, e se num campo de futebol eu me encontrar, será pelo jogo em si … jamais desejando a derrota de alguém, que poderia vir a substituir, numa atitude de “abutre”.

FDV: Para além da carreira nos escalões da AF Viseu, treina também a equipa do Politécnico. Como tem sido essa experiência?
Joca: Se representar a cidade de Viseu é lindo, levar o nome da cidade a locais tão longínquos é fantástico.

FDV: Existem no campeonato Universitário jogadores com qualidade para representar os melhore clubes do Distrito?
Joca: alguns dos melhores clubes do distrito estão representados no campeonato universitário, que é bastante competitivo, só para dar 2 exemplos, a universidade do Minho, recorria habitualmente a jogadores do Braga B, e actualmente tem um jogador do Gil Vicente; a Lusófona tinha os gémeos Paixão, que jogaram no Chelsea e Porto B;

Para finalizar pedíamos a Joca para elaborar o onze dos jogadores por si treinados.
Joca: Não pelos que escolheria, mas principalmente pelos que ficariam de fora, que me respeitaram e ajudaram, que comigo trabalharam e que suaram a camisola, jamais poderia responder a essa questão; todos foram especiais, e de todos eles saberei guardar algo.

O Futebol Distrito de Viseu agradece a disponibilidade de Joca, e aproveita para desejar felicidades para a próxima época.
Futebol Distrito de Viseu © 2008. Design by :Futebol Viseu Sponsored by: Futebol Viseu