quarta-feira, maio 26, 2010

Entrevista a Toni, treinador do Lamelas 2009/10

Nome: Horácio António de Paiva Ribeiro
Nome no futebol: Toni

Informação:
Situação Profissional – Professor com vínculo em Quadro de Agrupamento

Habilitações Académicas
Pós-Graduação com especialização em Gestão e Administração – UTAD (2010)
Licenciatura em Educação Física e Desporto – UTAD (2009)
Licenciatura em 2º Ciclo do Ensino Básico – Variante de Educação Física – ESEV (2002)

Outras Habilitações
Curso de Treinador de Futebol nível I – AFV (2000)
Curso de Treinador nível II BASIC – UEFA – AFV (2005)

Data de Nascimento: 25/08/1977
Nacionalidade: Portuguesa
Clubes Favoritos: Manchester United, Real Madrid e FC Porto
Jogadores preferidos: C. Ronaldo, Messi, Canavarro, Maldini, Roberto Baggio, Romário e Maradona

Sistemas de jogo preferidos:
Não tenho sistema ou sistemas preferidos. Penso que o importante é a forma como jogamos e para isso criamos o nosso próprio MODELO de JOGO. O modelo de jogo expressa-se em todos os momentos, determina o processo de operacionalização e define a nossa forma de jogar. Assim estabelecemos um conjunto de princípios para a equipa, transmitidos ao grupo de trabalho. Pretendemos que a nossa equipa, em momentos ofensivos, defensivos e transições, tenha organização. Tenha a capacidade de ter bola e conseguir desorganizar a estrutura defensiva adversária e quando não tem bola consiga controlar o momento de jogo e ganhar a sua posse o mais rápido possível. Tenha ainda a capacidade de ser superior em esquemas tácticos. É apenas isto que procuramos trabalhar desde o primeiro dia de treino até ao último e potenciar ao máximo as nossas capacidades, para que, no Domingo seguinte possamos ser melhores. Pelo referido, não tenho sistema(s) preferido(s), tenho sim o meu modelo, com o qual me identifico e que trabalho todos os dias na sua evolução.

Carreira como jogador:
Craks Clube de Lamego, O Crasto, Sporting Clube de Lamego, ACDR Lamelas, Vilamaior, Social de Lamas, Castro Daire, Tarouca, Carvalhais, Casa do Benfica CD (Futsal) – Campeão Distrital pelo Cracks Clube de Lamego, Sporting Clube de Lamego e Castro Daire

Carreira como Treinador:
Cinco anos a trabalhar na formação de O Crasto (quatro anos a disputar as fases finais dos respectivos campeonatos de Juniores e Iniciados, sendo Campeão e vice-Campeão Distrital de Iniciados e colaborado em título distrital de Juniores).
Três anos a trabalhar no Social de Lamas – Campeonato Nacional da 3ª Divisão
Dois anos a trabalhar na ACDR Lamelas – Campeonato Distrital de Honra AFV

Época 09/10

FDV: Qual o balanço que faz da época 2009/10?
Toni: De uma forma muito resumida vou fazer um balanço das duas épocas que estive em Lamelas. Passei dois anos fantásticos em Lamelas, com uma direcção sempre presente e que trabalha muito para que não falte nada ao grupo de trabalho, adeptos que nos acompanharam a todos os campos e um grupo de atletas com grandes qualidades futebolísticas e mais importante com grandíssimas qualidades humanas.
Quando chegamos a Lamelas, esta vinha de três décimos lugares, com alguns problemas em termos de manutenção e conseguimos em duas épocas, nunca andar a baixo do 12º lugar e fazer em ambas as épocas campeonatos tranquilos em relação à descida de divisão. Conseguimos dois oitavos lugares, sempre com os mesmos pontos do sétimo, com 41 e 43 pontos, que serão as duas melhores classificações do Lamelas na Honra da AFV e termos, na presente época, chegado à última jornada dependendo de nós na luta do 5º lugar, depois de todas as adversidades penso que foi um justo prémio para este grupo de trabalho.
Mas isto foram os resultados obtidos. Penso que mais importante foi o Lamelas ter crescido e hoje ser um clube mais respeitado e visto pelos adversários como uma equipa com muita qualidade.

FDV: A classificação final deixa-o satisfeito?
Toni: em ambas as épocas não ficamos satisfeitos. Queremos sempre mais, mas penso que não seria fácil fazer melhor, atendendo a todas as adversidades em ambas as épocas. Foram as classificações possíveis. Quando chegámos a Lamelas não prometemos nada para além de muito trabalho para sermos uma equipa competitiva e organizada e ir para cada jogo na busca da vitória, foi isso que sempre fizemos. Se repararmos, em mais de 60 jogos, em todas as nossas derrotas (20), perdemos sempre pela diferença mínima, com a excepção de dois jogos e um deles aconteceu em nossa casa, para uma equipa que era apelidada de só ganhar em casa, julgo ter sido um grande acrescento de qualidade e a demonstração que quando se acredita no que fazemos os resultados acabam por aparecer.

FDV: O que se passou com as arbitragens que o levaram a castigos e a fazer blackout?
Toni: Sempre que o Lamelas se referiu negativamente às arbitragens, foi unânime, e a comunicação social afirmou-o sempre, que o Lamelas teve razões para o fazer. Mas o que assistimos foi que raramente houve “castigos” para as pessoas que tinham cometido os erros e então resolvemos a determinada altura da época deixar de falar, para proteger o grupo de trabalho.

FDV: O Sampedrense foi um justo vencedor da Divisão de Honra?
Toni: Sem dúvida. Curioso que não ganhou nenhum jogo ao Lamelas (risos)!

FDV: Qual a equipa que o surpreendeu mais positiva e negativamente?
Toni: Positivamente – Carvalhais, por ter subido e ter conseguido ser competitiva durante toda a época. Negativamente – Mt.ª Beira/Campia, por todo o historial, excelentes classificações, nas épocas anteriores, e pelo enorme potencial dos seus plantéis.

Finanças

FDV: O país atravessa uma grave crise financeira e o mesmo se passa com o futebol. Existiu algum tipo de problema com o Lamelas?
Toni: Cumpriu sempre os compromissos assumidos.

FDV: Como vê o futuro atendendo à actual conjuntura financeira?
Toni: Não serei a pessoa indicada para responder a esta questão, mas é algo que me tem suscitado alguma reflexão. Todo o Futebol terá de ser repensado. Tem de se arranjar novas formas de financiamento e o futebol terá de procurar ser uma actividade rentável, onde exista um acrescento para a sociedade. Um caminho poderá ser com parcerias clube/escola, no melhoramento das actividades da escola, por exemplo. Agora, tem de haver uma clara aposta de formação nos clubes para que estes se possam abrir à sociedade e de terem a capacidade de se diversificarem, ou melhor, diversificarem as suas actividades e passarem a ser mais valias claras nas suas localidades. Acredito que só poderemos ter futebol profissional, de qualidade, com campeonatos não profissionais também de qualidade, a começar pelos distritais.

Época 2010/11

FDV: Já é público que não vai continuar em Lamelas. O que falhou para não existir renovação?
Toni: Nada falhou, é um ciclo que termina e de certeza outro começa. Apesar do convite, para continuar, pensamos que o melhor seria a não renovação. Há alturas em que a razão tem necessariamente de imperar.

FDV: Já tem propostas em mão para a próxima época?
Toni: Propostas não. Houve algumas conversas, que não passaram disso mesmo. Não tenho pressa em voltar a treinar e nem vou treinar a qualquer custo. Quando voltar a treinar tem de ser com um projecto, que me permita continuar a evoluir, a minha vida foi construída assente nessa base, de evolução constante. Por enquanto vou dedicar-me à conclusão do mestrado e à família, que têm ficado para segundo plano.

Treinador:

FDV: Qual o treinador com que mais se identifica?
Toni: José Mourinho é hoje um treinador referência para todos os agentes desportivos, pela sua liderança, capacidade de antecipação, de motivar, … e mais importante ganha mais vezes do que os outros. Mas há outros treinadores com uma boa imagem e que acabam por serem também referências. Exemplos disso: Van Gaal, Guardiola, Alex Ferguson, Fabio Capello.

FDV: Acompanha com regularidade jogos das camadas jovens, para contratar jogadores?
Toni: costumo acompanhar as camadas jovens com regularidade, não necessariamente com o objectivo que refere, talvez por ter trabalhado, algum tempo, acredito que é pelo aproveitamento dos jovens que os clubes podem fazer a diferença, o que para os clubes que têm formação é uma grande vantagem em relação aos outros.
Apesar do Lamelas não ter formação, nestas duas épocas conseguimos lançar atletas como Marcel, Hugo, Marco, Fábio, vindos dos Juniores do Crasto, que nos trouxeram um grande acrescento à equipa e que foram referências do Lamelas. Mas para isso acontecer, é necessário haver qualidade dos atletas e coragem de se assumir o risco, pelos técnicos.

FDV: Qual o momento mais marcante da sua carreira como treinador?
Toni: foram já muitos os momentos que acabaram por nos marcar. Uns pela negativa, outros pela positiva. Cada treino, cada jogo, …, tem sempre momentos que nos marcam, mas talvez o jogo Crasto vs Cinfães, que vencemos e com o qual nos sagramos campeões distritais de iniciados. Foi muito especial, porque apesar de muito jovens (sub. 14) demonstravam já um grande espírito ganhador e que foi um momento marcante por isso mesmo. Na formação também temos de ensinar os nossos atletas a terem a ambição de ganhar.

AFV

FDV: O que pensa dos actuais quadros competitivos distritais? Fala-se no fim da 2ª Distrital, o que pensa disso?
Toni: Ainda não tenho uma opinião formada, haverá certamente prós e contras, mas entendo que o grande problema é a constante diminuição do número de clubes existentes e que cada vez mais condiciona os vários quadros competitivos. Essa é a principal razão de termos de repensar o futebol e o desporto em geral, no que diz respeito ao seu financiamento.


FDV: Este ano teve alguns problemas com as arbitragens. O que funciona mal na AFV para existirem tantos casos?
Toni: o Toni não teve problemas com as arbitragens. Pensamos que houve jogos onde fomos claramente penalizados por decisões menos felizes. De uma forma geral as arbitragens melhoraram muito nos últimos anos, a par da qualidade das instalações desportivas. Parece-me claramente que tem efectivamente de existir uma separação clara entre os árbitros bons, de qualidade, dos outros. Esses árbitros, de boa qualidade deverão ser compensados de forma diferenciada, dos outros, e deve haver uma avaliação que permita essa mesma distinção. Os árbitros de qualidade não se sentem valorizados e isso não permite uma arbitragem ainda com maior qualidade. Agora não tenho dúvidas da qualidade da maioria dos árbitros na AFV.

Para finalizar pedíamos a Toni para elaborar o onze dos jogadores por si treinados.
Toni: isso é um pedido difícil de concretizar porque, apesar de treinar à poucos anos, já foram muitos atletas de qualidade com quem tive o privilégio de compartilhar experiências. Aprendi muito com todos eles e agradeço-lhes muito por me terem ajudado nesta caminhada de evolução enquanto treinador. Não tenho dúvidas que hoje sou melhor treinador do que era à uns anos atrás e para isso muito contribuíram todos eles. Mas vou aceitar o desafio, ser treinador é isso mesmo, ter de escolher os melhores, entre os melhores. Cingindo-me apenas às qualidades futebolísticas vou escolher (treinados nos seniores):

G.R. – José Luís; L.D. – Bruno Ribeiro; D.C. – Celso e Telmo; L.E. – Abel; M.C. – Hugo e João Pedro; M.O. – Tomé; E. – Marcel e Ricardo; P.L. – Licá

O Futebol Distrito de Viseu agradece a disponibilidade de Toni, e aproveita para desejar felicidades.
Toni: Eu é que agradeço, oportuna gentileza, ao FDV, de falar de algo que tanto gosto. Estarei sempre ao vosso dispor. Se me permitem gostaria também de agradecer à direcção do Lamelas todo o apoio, sempre prestado, e gostaria de deixar uma última palavra para os meus atletas, destes dois últimos anos, no Lamelas. Palavra essa de agradecimento por todo o apoio, compreensão e determinação ganhadora que muito contribuiu para o êxito, por nós conseguido. Foi isso que nos fez evoluir.

ATÉ SEMPRE!

1 comentários:

AHAHAHAH disse...

O Sr. Toni já entro em contactos com varios jogadores jovens de vários clubes! Sendo esse jovens ainda juniores este ano e para o ano. Isto diz tudo sobre este treinador.

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