quarta-feira, junho 02, 2010

Entrevista a José Pedro Oliveira, treinador do Abraveses

Nome: José Pedro Lopes de Oliveira
Nome no futebol: Conhecido por "Músicas" como jogador, prefiro agora ser tratado por José Pedro Oliveira como treinador.
Informação: Nivel II UEFA B em 2008
Data de Nascimento: 07 de Maio de 1974
Nacionalidade: Portuguesa

Clubes Favoritos: Abraveses, Benfica, Barcelona
Jogadores preferidos: Sempre os meus.
Sistemas de jogo preferidos: 4x4x2 (losango)

Carreira como jogador:
Formação no Ac. Viseu e S.V.Benfica; Séniores: Silgueiros, Lobanense, Lusitano Vildemoinhos, F. Aves, Sampedrense, Lusitano Vildemoinhos.

Carreira como Treinador:
2006-2007 (Juniores E no Lusitano Vildemoinhos);
2007-2008 (Juniores D no Lusitano Vildemoinhos);
2008-2009 (Juniores E no S.V.Benfica);
2009-2010 (Séniores no G.D.Abraveses - Campeão da 1ª divisão distrital zona norte).

Época 09/10
FDV: O Abraveses não era considerado um dos principais candidatos à subida de divisão, mas conseguiu-o. A subida era objectivo do clube no início da época?
JPO: Sim. Desde o início dos trabalhos que nos propusemos todos, sem excepção, a atingir esse objectivo, embora a mensagem que saísse para fora nunca tenha sido essa. Sabíamos de ante-mão que havia planteis muito mais valorosos que o nosso em termos individuais, mas a minha convicção era, e é, de que nós colectivamente iríamos ser mais fortes do que qualquer outra equipa.

FDV: Qual foi a principal característica que em sua opinião tenha feito diferença relativamente a outras equipas?
JPO: Modéstia à parte, foi sem dúvida, a qualidade do nosso trabalho e a capacidade que a grande maioria dos atletas tiveram para o entender. Quisemos ser diferentes, tivemos de ultrapassar algumas barreiras e mudar algumas mentalidades. No final, colhemos os frutos. Ainda assim, gostaria de destacar aqui, a importância que tiveram jogadores como o nosso “capitão” Albuquerque, Pedro Cosme, Pedro Aurélio, Tony, Branco. Jogadores todos eles, com uma idade muito acima da média, mas que foram fundamentais para o nosso sucesso, que demonstraram claramente desde o início uma vontade enorme em aprender “coisas” novas.

FDV: Foi um campeonato muito disputado. Qual foi a equipa que mais “temeu”?
JPO: Nunca foi essa a mentalidade da nossa equipa. Encarávamos todos os jogos da mesma forma, sabendo sempre que éramos superiores ao adversário em termos colectivos e qualitativos, no entanto, sabíamos também que, mesmo sendo superiores, nem sempre é possível ganhar todos os jogos porque o futebol é mesmo assim. A nossa filosofia é que nos permite assegurar que equipas que praticam um futebol com mais qualidade, têm mais possibilidades de ganhar. A equipa cresceu com base nessa filosofia e acreditou sempre nela.

FDV: Qual a equipa que o surpreendeu mais positiva e negativamente?
JPO: Ironicamente ou não, as equipas que mais me surpreenderam pela positiva até foram equipas que acabaram por não ter uma classificação condizente com o valor que tinham. Quer o Resende, como o Fornelos, foram duas equipas que na minha opinião, mais qualidade tinham em termos colectivos. Negativamente, e atendendo aos valores individuais que possuíam, sem dúvida que o Ferreira D’Aves e o Arguedeira, foram para mim as grandes desilusões.

FDV: Após o grande feito que foi a subida, a equipa não conseguiu o título de campeão distrital. Esse facto pode “ser uma pedra no sapato” ou pensa que em nada beliscou a época dos Gibraios?
JPO: Evidentemente que em nada beliscou a época que fizemos, até porque, na minha opinião, demonstrámos duas vezes mais nesses dois jogos, a qualidade que possuíamos enquanto equipa e não retirando qualquer mérito ao Sport Viseu e Benfica, penso que essa mesma qualidade deveria ter merecido outro resultado.

Época 2010/11

FDV: Vai continuar em Abraveses?
JPO: Sim.

FDV: O GDA foi um clube que conseguiu uma subida rapidíssima à Divisão de Honra. Será que o clube tem condições para a divisão que vai disputar?
JPO: Em termos estruturais, sabemos que é um clube com pouca dimensão, no entanto, só com desafios desta natureza é que pode haver um crescimento. Tenho a certeza que o clube vai crescer porque tem um grande Presidente e muita gente capaz de poder trazer outra dimensão ao clube.

FDV: O Abraveses esta época jogou em campo emprestado. Como será na próxima época? Terá consequências no desempenho da equipa?
JPO: Ainda não sabemos como será na próxima época. Eu pessoalmente, preferia ter a possibilidade de trabalhar num campo cujo piso oferecesse mais qualidade. Se for possível, tanto melhor, se não for, paciência.

FDV: Apesar da subida o clube perdeu já 3(que tenhamos conhecimento) jogadores para clubes de divisões inferiores. Não se arrisca a ser uma equipa fraca?
JPO: Em relação a essa matéria, existem para mim duas grandes questões:
1ª - só quero jogadores na minha equipa que queiram lá estar de corpo e alma, e acima de tudo que acreditem nos meus princípios e na forma como eu encaro o Futebol.
2ª - em termos financeiros, à partida, o Abraveses será o plantel com mais baixo orçamento para a época que se aproxima, isto é, será também o clube da divisão de Honra com menor estrutura financeira. No entanto, pelo que sei, irá seguir essa mesma linha que seguiu na época passada, ou seja, vale mais pagar pouco mas pagar, do que prometer mundos e fundos, e quando se chega a Janeiro, já não há dinheiro.
Quero com isto dizer, que o GDA não irá concerteza usar qualquer tipo de artimanha, quer para contratar jogadores, ou para segurar os que teve. Vai sim, utilizar muita honestidade e oferecer a todos os jogadores outro tipo de condições que não encontram noutros clubes:
O Prazer de se fazer aquilo que se gosta no final de um dia de trabalho.


FDV: Fala-se na aquisição de Zezito do F. Aves e de Nuno Rodrigues dos juniores do V. Benfica. Pode confirmar? Já há mais reforços?
JPO: Sim, confirmo em absoluto. Temos outros alvos que pretendemos contratar. Todos eles, sem excepção, jogadores com características que eu aprecio.

FDV: O plantel desta época será a base da equipa da Divisão de Honra?
JPO: Sim, ou melhor, espero que sim. Espero que jogadores que para mim foram fundamentais para o sucesso da época transacta, queiram continuar de corpo e alma no clube para que possamos ter essa base para a época que se segue. Teremos nós, equipa técnica, o trabalho facilitado se assim for.

Finanças
FDV: O país atravessa uma grave crise financeira e o mesmo se passa com o futebol. Existiu algum tipo de problema com o Abraveses?
JPO: Não. Já respondi praticamente a esta questão anteriormente. Ainda assim, quero reforçar com a ideia de que espero sinceramente que não se venha a passar com o GDA.

FDV: Como vê o futuro atendendo à actual conjuntura financeira?
JPO: É uma questão que merece a reflexão de todos nós, sociedade em geral, já que é um período que já se arrasta à algum tempo e parece não ter fim. Mais concretamente no nosso meio, todos os agentes desportivos, assim como atletas terão de perceber também o que se passa em relação aos apoios que os clubes possam vir a perder.

Treinador:
FDV: Foi uma estreia fantástica como treinador dos seniores. Qual o seu objectivo a curto prazo?
JPO: A curto prazo, o meu grande objectivo é evoluir diariamente, acrescentando cada vez mais qualidade e competência a este meu trabalho. Só com uma evolução diária é que podemos prever objectivos com sucesso a médio longo prazo.

FDV: Qual o treinador com que mais se identifica?
JPO: Pepe Guardiola.

FDV: Acompanha com regularidade jogos das camadas jovens, para contratar jogadores?
JPO: Nem por isso. Gostaria de poder ter tempo para o fazer, mas para alem de ter uma profissão, tenho também uma família que precisa de mim no pouco tempo que me resta livre.

FDV: Qual os momentos mais marcantes da sua carreira como treinador?
JPO: O momento mais marcante foi sem dúvida o jogo que nos garantiu a subida directa à divisão maior da AFViseu.

AFV
FDV: O que pensa dos actuais quadros competitivos distritais? Fala-se no fim da 2ª Distrital, o que pensa disso?
JPO: Acabar com umas, iniciar outras, mudar-lhes os nomes, tudo isso, na minha opinião são “fait-divers”. O que penso mesmo é que se poderiam melhorar os quadros competitivos, não com mudanças de nomes nas divisões, assim como criar novas divisões, acabando com outras, mas sim, fazendo com que os clubes que se inscrevam nos quadros da AFViseu se semi-profissionalizem, ou seja, exigir que os clubes usem de toda a transparência possível , quer na realização dos contratos que fazem com os jogadores, quer na sua auto gestão.


FDV: O que pensa da arbitragem da AF Viseu?
JPO: Esta é normalmente a pergunta que todos esperam para nos deixar a pensar:
E agora? – Vou falar mal deles e assim desculpar-me com alguns resultados menos bons?...Ou por outro lado… Não!!! É melhor estar caladinho, vou falar só bem, e assim esperar que eles me prejudiquem o menos possível…
Nada disso, a minha opinião em relação à arbitragem é bem clara, e aqui, queria falar sobre a arbitragem de modo geral e não da arbitragem da AF Viseu. E porquê?
O grande problema das arbitragens, e nomeadamente em Portugal, está na nossa mentalidade. Modo geral, somos uma sociedade que nunca estamos contentes com aquilo que temos, e pior do que isso, tudo que de mal nos acontece, a culpa é sempre de terceiros. O futebol é, se quisermos o maior exemplo disso, senão vejamos:
Quantas vezes observamos durante um jogo de futebol um jogador falhar clamorosamente?
Quantas vezes, nós treinadores, chegamos a casa após um jogo e ao fazer a reflexão sobre o mesmo, aceitamos que errámos aqui e ali e que deveríamos ter tomado esta ou aquela decisão em vez das que tomámos?
E quantas vezes, assumimos, perante estes factos, que o nosso insucesso se deveu precisamente a esses erros?...Quase nunca. Preferimos sempre ir pelo caminho mais fácil. Culpar o senhor do apito. No meu caso, aprendi, desde há muito tempo que, todos os intervenientes num jogo de futebol são seres humanos, e como tal, todos temos o direito a errar. E no futebol o sucesso e o insucesso deve-se precisamente à quantidade de erros que todos os seus intervenientes cometem. O resto, já todos sabemos. Quanto menor o número de erros, mais possibilidades temos de ter sucesso, assim como os árbitros, quanto menos vezes errarem, melhor é o seu desempenho.


Mundial
FDV: Portugal tem possibilidade de vencer o Mundial?
JPO: Neste tipo de competição que não carece de regularidade, qualquer selecção pode ser a vencedora. No entanto, atendendo um pouco ao que temos presenciado no que diz respeito à nossa selecção, acho pouco provável essa possibilidade.

FDV: Quem vai ganhar o Mundial?
JPO: Selecções como a Itália, Brasil, Alemanha e Inglaterra, são na minha opinião, as que reúnem melhores condições para vencer o Mundial.

Para finalizar pedíamos a José Pedro Oliveira para elaborar o onze dos jogadores por si treinados.
JPO: Torna-se complicado para mim após uma única época de trabalho com seniores eleger um 11, até porque em termos de gestão de grupo a palavra-chave foi rotatividade. Nesse sentido, quero primeiro pedir desculpa por não o fazer e, de seguida, agradecer ao FDV esta oportunidade de me dar um pouco a conhecer.

O Futebol Distrito de Viseu agradece a disponibilidade de José Pedro Oliveira, e aproveita para desejar felicidades.

Em meu nome, muito obrigado ao Futebol Distrito de Viseu e o desejo também da continuação do excelente trabalho que têm proporcionado a todos os leitores do vosso site.
Cumprimentos e saudações desportivas.

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