A equipa do Nelas viveu momentos de incerteza e de medo no regresso ao Continente
O Sport Lisboa e Nelas jogou a passada jornada, a contar para o Campeonato Nacional da 2.ª Divisão, na ilha do Pico, para defrontar o Madalena. Se o baptismo de voo do clube nelense não foi o melhor, como referimos na nossa edição de segunda-feira, a verdade é que o regresso foi bem mais complicado.
«Foram horas de autêntica ansiedade, medo e de muito pânico, antes do avião ter aterrado e ficado imobilizado no aeroporto de Santa Maria», recorda o Chefe do Departamento de Futebol do Nelas, Fernando Alexandre Alves.
Aquele dirigente resumiu-nos o que se passou, a partir do final do jogo na ilha do Pico, e que o Nelas perdeu «porque outros interesses mais altos se levantam».
«Saímos do Pico para a Terceira e de lá para Ponta Delgada e levantámos voo por volta das 22h30m locais, com destino a Lisboa, onde deveríamos chegar um pouco depois da meia noite. O nosso espanto foi quando, dez minutos depois, no momento da refeição que nos estava a ser servida, ouvimos a ordem de apertar os cintos e a informação de que havia uma avaria técnica do avião, mais concretamente no "flap" - uma espécie de tampa que abre e fecha, aquando das manobras de descolagem e aterragem - como mais tarde viemos a saber, o que, como é evidente, nos deixou a todos alarmados, apesar da indicação de que iríamos regressar a Ponta Delgada dentro de vinte minutos, mas que se verificiu ter sido quase uma hora depois», contou-nos Fernando Alves.
Aterragem no aeroporto de Santa Maria foi violenta
«Mas o pânico que já era grande, até porque havia já gente a chorar, acentuou-se quando nos apercebemos que o avião voava inclinado. Quem ia nos bancos mais juntos à asa com a avaria, apercebia-se de que essa inclinação era bastante acentuada», recorda o dirigente.
«O medo e a incerteza do que nos iria acontecer, apossou-se de todos os passageiros e nem os mais corajosos resistiram», salientou Fernando Alves que acrescentou: «A aterragem foi violenta, porque o avião "caiu" autenticamente na pista, saltou e voltou a "cair" desamparado, imobilizando-se pouco depois. Ficamos espantados quando nos apercebemos que, afinal, estávamos na ilha de Santa Maria e não no aeroporto de Ponta Delgada, a que acrescia o facto de estarem mobilizados todos os meios de salvamento, o que nos fêz tremer ainda mais, porque, afinal, o perigo que corremos tinha sido de maiores dimensões do que julgávamos de início.
Fomos transportados para hotéis da ilha e então foi possível receber as explicações do que se tinha passado e os perigos que todos tínhamos corrido. À pergunta porquê o regresso a Ponta Delgada, como nos haviam informado, e não a continuação até Lisboa, quando estávamos já a caminho, responderam-nos que é nos Açores que a SATA tem a sua Sede e que seria lá que as coisas teriam de ser resolvidas».
Ficaram então à espera até às 16h30m de segunda-feira, altura em que foram para o aeroporto tratar das formalidades do embarque, no mesmo avião, depois de reparado com a peça que tinha sido enviada de Lisboa, cidade onde chegaram um pouco depois das 19h30m.
Fernando Alves estranha o facto de, na sua chegada a Lisboa, a comunicação social «que nestas coisas costuma dar grande destaque, praticamente não compareceu».
Para o dirigente, «isso poderá dever-se ao facto de a SATA (companhia açoreana), ter conseguido evitar que o incidente fosse divulgado pelos órgãos da comunicação social do Continente, pois a imprensa e televisão açoreanas deram a notícia».
Comitiva do Nelasmanteve-se unida
«A verdade é que durante os momentos terríveis que todos vivemos, a comitiva do Nelas manteve-se unida e houve sempre um espírito de solidariedade e de tentativa de manter a tranquilidade possível nestas alturas e situações», afirmou-nos o dirigente.
Fernando Alves disse-nos que «havia quem estivesse com menos tranquilidade e era isso que todos tentávamos manter, o que ajudou a ultrapassar as horas de angústia, que não abrandaram quando soubemos que regressávamos a Lisboa no mesmo avião e, quando uma trepidação própria do voo era maior, lá vinha à lembrança o que se tinha passado antes».
«Só nos sentimos aliviados quando o avião se imobilizou no aeroporto em Lisboa», recorda o Chefe do Departamento de Futebol do Nelas.
«A FPF terá de rever o enquadramento das equipas açoreanas na 2.ª Divisão Nacional»
Para Fernando Alves «a Federação terá rever o enquadramento das equipas açoreanas no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão, porque se englobadas na Série D já é complicado, na Série C é muito mais penoso e dispendioso, porque as equipas para embarcarem em Lisboa, perdem, no mínimo, cinco horas de viagem».
Aquele dirigente continua a pensar que «as equipas do Açores deveriam realizar a prova entre si», destacando o facto de que «para se ir à ilha do Pico é preciso apanhar vários transportes, o que desgasta os clubes do Continente que lá se deslocam. Espero e desejo que o Penalva tenha mais sorte do que o Nelas que, sem dúvida, passou um fim-de-semana terrível e prolongado», disse - nos Fernando Alves que fez questão de referir que «o programa do Nelas continua, estando já a ser preparado o jogo do próximo domingo e a organização da ida ao reduto do Operário, na ilha de S. Miguel».
C.C.
In Diario Regional de Viseu
O Sport Lisboa e Nelas jogou a passada jornada, a contar para o Campeonato Nacional da 2.ª Divisão, na ilha do Pico, para defrontar o Madalena. Se o baptismo de voo do clube nelense não foi o melhor, como referimos na nossa edição de segunda-feira, a verdade é que o regresso foi bem mais complicado.
«Foram horas de autêntica ansiedade, medo e de muito pânico, antes do avião ter aterrado e ficado imobilizado no aeroporto de Santa Maria», recorda o Chefe do Departamento de Futebol do Nelas, Fernando Alexandre Alves.
Aquele dirigente resumiu-nos o que se passou, a partir do final do jogo na ilha do Pico, e que o Nelas perdeu «porque outros interesses mais altos se levantam».
«Saímos do Pico para a Terceira e de lá para Ponta Delgada e levantámos voo por volta das 22h30m locais, com destino a Lisboa, onde deveríamos chegar um pouco depois da meia noite. O nosso espanto foi quando, dez minutos depois, no momento da refeição que nos estava a ser servida, ouvimos a ordem de apertar os cintos e a informação de que havia uma avaria técnica do avião, mais concretamente no "flap" - uma espécie de tampa que abre e fecha, aquando das manobras de descolagem e aterragem - como mais tarde viemos a saber, o que, como é evidente, nos deixou a todos alarmados, apesar da indicação de que iríamos regressar a Ponta Delgada dentro de vinte minutos, mas que se verificiu ter sido quase uma hora depois», contou-nos Fernando Alves.
Aterragem no aeroporto de Santa Maria foi violenta
«Mas o pânico que já era grande, até porque havia já gente a chorar, acentuou-se quando nos apercebemos que o avião voava inclinado. Quem ia nos bancos mais juntos à asa com a avaria, apercebia-se de que essa inclinação era bastante acentuada», recorda o dirigente.
«O medo e a incerteza do que nos iria acontecer, apossou-se de todos os passageiros e nem os mais corajosos resistiram», salientou Fernando Alves que acrescentou: «A aterragem foi violenta, porque o avião "caiu" autenticamente na pista, saltou e voltou a "cair" desamparado, imobilizando-se pouco depois. Ficamos espantados quando nos apercebemos que, afinal, estávamos na ilha de Santa Maria e não no aeroporto de Ponta Delgada, a que acrescia o facto de estarem mobilizados todos os meios de salvamento, o que nos fêz tremer ainda mais, porque, afinal, o perigo que corremos tinha sido de maiores dimensões do que julgávamos de início.
Fomos transportados para hotéis da ilha e então foi possível receber as explicações do que se tinha passado e os perigos que todos tínhamos corrido. À pergunta porquê o regresso a Ponta Delgada, como nos haviam informado, e não a continuação até Lisboa, quando estávamos já a caminho, responderam-nos que é nos Açores que a SATA tem a sua Sede e que seria lá que as coisas teriam de ser resolvidas».
Ficaram então à espera até às 16h30m de segunda-feira, altura em que foram para o aeroporto tratar das formalidades do embarque, no mesmo avião, depois de reparado com a peça que tinha sido enviada de Lisboa, cidade onde chegaram um pouco depois das 19h30m.
Fernando Alves estranha o facto de, na sua chegada a Lisboa, a comunicação social «que nestas coisas costuma dar grande destaque, praticamente não compareceu».
Para o dirigente, «isso poderá dever-se ao facto de a SATA (companhia açoreana), ter conseguido evitar que o incidente fosse divulgado pelos órgãos da comunicação social do Continente, pois a imprensa e televisão açoreanas deram a notícia».
Comitiva do Nelasmanteve-se unida
«A verdade é que durante os momentos terríveis que todos vivemos, a comitiva do Nelas manteve-se unida e houve sempre um espírito de solidariedade e de tentativa de manter a tranquilidade possível nestas alturas e situações», afirmou-nos o dirigente.
Fernando Alves disse-nos que «havia quem estivesse com menos tranquilidade e era isso que todos tentávamos manter, o que ajudou a ultrapassar as horas de angústia, que não abrandaram quando soubemos que regressávamos a Lisboa no mesmo avião e, quando uma trepidação própria do voo era maior, lá vinha à lembrança o que se tinha passado antes».
«Só nos sentimos aliviados quando o avião se imobilizou no aeroporto em Lisboa», recorda o Chefe do Departamento de Futebol do Nelas.
«A FPF terá de rever o enquadramento das equipas açoreanas na 2.ª Divisão Nacional»
Para Fernando Alves «a Federação terá rever o enquadramento das equipas açoreanas no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão, porque se englobadas na Série D já é complicado, na Série C é muito mais penoso e dispendioso, porque as equipas para embarcarem em Lisboa, perdem, no mínimo, cinco horas de viagem».
Aquele dirigente continua a pensar que «as equipas do Açores deveriam realizar a prova entre si», destacando o facto de que «para se ir à ilha do Pico é preciso apanhar vários transportes, o que desgasta os clubes do Continente que lá se deslocam. Espero e desejo que o Penalva tenha mais sorte do que o Nelas que, sem dúvida, passou um fim-de-semana terrível e prolongado», disse - nos Fernando Alves que fez questão de referir que «o programa do Nelas continua, estando já a ser preparado o jogo do próximo domingo e a organização da ida ao reduto do Operário, na ilha de S. Miguel».
C.C.
In Diario Regional de Viseu
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